sábado, 19 de novembro de 2011

O Desertor - Silva Alvarenga

Sobre o autor:
Manuel Inácio da Silva Alvarenga nasceu em Vila Rica ( Ouro Preto) em 1749 e morreu no Rio de Janeiro em 1814.
Mestiço de origem humilde.
1771 estuda Direito em Portugal na Universidade de Coimbra.
Foi ativo combatente da tradição escolástica dos jesuítas e da nobreza.
Filia-se à Arcádia Ultramarina com pseudônimo de Alcindo Palmireno.
Um dos mais importantes homens letrados do período colonial brasileiro.

Momento histórico:
O livro foi escrito em 1774.
Século XVIII – século das luzes
Decadência do pensamento Barroco.
Impulso das pesquisas científicas.
A burguesia passa a dominar economicamente o Estado.
Nobreza e Igreja caem em ruína e descrédito.
Racionalidade
Grandes filósofos: Descartes, Voltaire, Diderot, Rosseu...
Valorização do conhecimento científico e da razão.

Em Portugal...
Governo do Marquês de Pombal – ministro do rei Dom José I
Administração marcada por obras reformistas usando o mercantilismo e o iluminismo.
Expulsão dos jesuítas da metrópole e das colônias tirando dos religiosos o comando da educação passando para o Estado.
Criação do Universidade de Coimbra em 1771.
Privilegiou o ensino da língua portuguesa no lugar do latim, utilidade prática das coisas e não a metafísica.

Gênero e Tema
É um poema herói-cômico – narrativa épica com tratamento cômico, satírico.
Sátira aos costumes da época e um elogio ao governo.
Poema narrativo
Tema – vida estudantil (não estudantil) – estudantes fogem de suas responsabilidades e se metem em aventuras.

Estrutura
Modelo clássico de uma epopéia – 3 partes: introdução, narração e epílogo.
Versos decassílabos brancos (sem rimas) embora apresenta musicalidade através de assonâncias e aliterações.
Estruturado em 5 cantos(capítulos)
1439 versos, 70 estrofes.
Estrofes irregulares
Encerra-se com 2 sonetos que louvam Alcindo Palmireno e o rei D José I.
Características Arcades
Imitação do estilo dos poetas clássicos
Combate o rebuscamento barroco.
Busca da simplicidade formal, gosto pela clareza, equilíbrio e eficácia das idéias.
Restaura a naturalidade dos clássicos Virgílio, Ovídio, Teócrito.
Ordem direta dos versos.


Prefácio
Citação poética de Aristóteles
Justificativa do porquê do poema – a defesa da reforma universitária e o ataque ao ensino escolástico.
Argumento central – a história de Gonçalo, o desertor da letras, que abandona os ensinos universitários, reúne um grupo de estudantes para marchar ao seu lado a caminho de Mioselha, onde fica a casa de seu tio.
Contraria a característica do épico – sem desfecho vitorioso.
O herói envolto com a ignorância e a preguiça.
Principal objetivo do autor é combater esses vícios e defender o valor da formação acadêmica
.
Introdução 
Proposição – anuncia o assunto do canto épico
Invocação – invoca as Musas
Dedicatória -

Canto I
Evoca as Musas para cantarem o seu herói Gonçalo, o desertor das letras, estragado pela Ignorância.
Gonçalo é a caricatura dos estudantes da época.
Ignorância, letra maiúscula personificação árcade,para não ser destruída quer achar abrigo longe de Coimbra.
Tibúrcio – o antiquário – lamenta o fim da escolástica e convida os estudantes a irem para Mioselha
Os heróis ( Gonçalo, Gaspar, Cosme, Rodrigo, Bertoldo e Alberto) são convocados para essa viagem.
Narciza, noiva de Gonçalo e sua mãe Guiomar – caricaturas da ambição

Canto II
Descrição dos heróis:
Gonçalo: o mais alto, forte e destro de todos.
Tibúrcio: carrega um estandarte vai montado num jumento magro.
Cosme: apaixonado não correspondido, pois nem sabe a quem ama.
Rodrigo: melancólico, grosseiro e bruto. Desconfia de todos, sempre na defensiva.
Bertoldo: se orgulha de ser nobre e despreza os ricos sem berço.
Gaspar: viciado em jogo, quando perde mostra a espada
Alberto: alegre e de gênio festivo, não gosta de livros
Todos eles detestam os estudos, só lêem os prólogos dos livros.

Tempo chuvoso chegam numa estalagem
Rodrigo e Tibúrcio comem e bebem demais.
Fala de Ambrósio – velho moralizante que se arrepende de sua vida na ignorância.
Briga entre Gaspar e Ambrósio – O povo vem ajudá-lo e o bando foge.
Temor de Gonçalo da perseguição do povo e o encontro com seu tio.
Canto III
Inicia com uma louvação ao Grande Rei e a construção da Universidade de Coimbra.
O bando foge para um vale carvenoso, rio Zêzere, encontram Rufino.
Rufino: lamenta-se do amor e da fortuna. A Ignorância busca seduzi-lo a segui-los e assume a forma de Dorotéia, filha de Amaro, que lhe confessa que para ficarem juntos ele tem que enriquecer.
Trava-se uma batalha com o povo enfurecido.
Aparece o Gigante Ferrabrás que quase mata Gonçales, salvo por Gaspar.
Os heróis são vencidos e presos.

Canto IV
Tibúrcio que havia se separado do grupo na briga da estalagem empenha força e intrigas para libertá-los da prisão.
Amaro, o vigia da prisão, homem vigilante mas crédulo e ingênuo.
Tibúrcio, Ignorância, passa por uma religioso para enganar Amaro que revela a morte de seu filho
Ignorância, agora Marcela, velha que lia as mãos. Aparece a Dorotéia e lê seu futuro: diz que seu futuro marido está preso na cadeia.
Sonho alegórico de Gonçalo na prisão – Aparece a Verdade, a Paz e a Justiça elogiam a razão e celebram a ciência e os estudos
Fuga da prisão – Dorotéia os libertam quando o pai dorme, surge um barulho e Tibúrcio se veste de fantasma para assustar Amaro.
Rufino com sua mágoa inconsolável devido à Dorotéia estar com Gonçalo.
As flexas de Cupido atingem Cosme e Dorotéia que são surpreendidos por Gonçalo
Surge mais uma briga e confusão que divide o grupo.

Canto V
Gonçalo, Tibúrcio e Gaspar decidem o destino de Dorotéia.
Decidem prendê-la a um pinheiro, mas a Fortuna, mãe do Acaso ajuda Rufino que ainda a amava, a encontrá-la.
Ocorre a chegada do grupo a Mioselha
Tibúrcio é ridicularizado como faminto e sedento.
Cosme para vingar-se delata ao tio toda a história do Desertor
Gaspar abriga a todos na casa de sua mãe, ocorre lamentação de Tibúrcio
Gaspar mostra a biblioteca de sua casa – ocorre uma crítica das obras barrocas
Amaro vem atrás da filha e se junta ao povo contra Gonçalo.
Gonçalo se encontra com seu tio que o anima a estudar
A Ignorância endurece o coração do herói
Gonçalo é repreendido e surrado pelo tio.
Há enfim, a derrota da Ignorância. Na última estrofe o narrador a chama de Monstro e aconselha-a a fugir pois o Defensor das Ciências, o Marquês de Pombal já faz renascerem os fecundos campos gerando flores e frutos.

Um comentário:

  1. Jussara sua prova vai ser toda fechada ou vai ter alguma questão aberta tb ?
    Alexandre 1º azul

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