A Cor Púrpura - Filme 3a Etapa Paes 2013

 

Sinopse

Em 1906, em uma pequena cidade da Georgia, sul dos Estados Unidos, a quase adolescente Celie, violentada pelo próprio pai, torna-se mãe de duas crianças. Separada dos filhos, Celie (Whoopi Goldberg, que foi indicada ao Oscar de melhor atriz por este filme em 1985), é doada à Mister (Danny Glover, de Máquina Mortífera), que a trata como companheira e escrava ao mesmo tempo. Cada vez mais calada e solitária, Celie passa a compartilhar sua tristeza em carta. Baseado no livro de Alice Walker, A Cor Púrpura recebeu 11 indicações ao Oscar em 1985 e já é considerado um clássico do cinema. Ao recriar 40 anos de crises emocionais na vida de vários personagens, o diretor Steven Spielberg ( O Império do Sol) fez o filme mais desafiante de sua carreira, capaz de despertar fúria, risos e lágrimas.
 

Análise

O filme foi baseado no livro homônimo da ecritora estado-unidense Alice Walker. O livro foi publicado em 1982, ganhou o prêmio Pulitzer em 1983 e o American Book Award, e foi filmado por Steven Spielberg em 1985.Celie é uma menina negra que vive com sua família, os pais adotivos e uma irmã mais nova (Nettie), em uma área rural da Geórgia, nos Estados Unidos, no início do século XX. Ela é violentada pelo pai, de quem tem dois filhos, um menino e uma menina. Entretanto, assim que eles nascem, são entregues a um casal de missionários que não pode ter filhos. Aos catorze anos, Celie é dada em casamento a um viúvo da comunidade que precisa de alguém para cuidar de sua casa e de seus três filhos. Ela é humilhada pelo marido e por seus filhos, como era por seu pai. O marido às vezes usa de violência física contra ela e assim, quando o enteado (Harpo) pergunta-lhe o que deve fazer com sua esposa insolente (Sofia), Celie responde: “Bata nela”.Na comunidade em que Celie vive, a violência marca a relação entre homens e mulheres. Os homens acreditam que só conseguem ser respeitados pelas mulheres se baterem nelas. Albert ensinou ao filho que “mulher é feito criança. Mostra quem é que manda. Nada melhor que uma boa surra”. Assim, a violência física não só é tolerada, como ensinada e estimulada como forma de controlar o comportamento das mulheres. A ela se junta a violência psicológica praticada não apenas contra as mulheres individualmente, mas também coletivamente. Em um acesso de raiva contra Celie, Albert verbalizou a maneira como as mulheres são vistas na comunidade: “Você é negra, pobre, mulher, você não é nada”.O marido deixa claro que não tem nenhum afeto por Celie, pois na realidade pretendia casar-se com sua irmã, mas o pai recusou-se a dar-lhe sua mão e ofereceu Celie em seu lugar. Entretanto, o maior símbolo de sua humilhação é também sua grande chance de rendição: um dia Albert traz sua amante (Sugar), que estava doente, para morar com a família. No início, ela também trata Celie como uma serviçal, mas elas passam a ser amigas. Celie apaixona-se por Sugar, que ajuda-a a romper o ciclo de violência, sair da família e recomeçar uma nova vida, fazendo “calças mágicas”, que cabem em qualquer pessoa.A personagem principal é vítima de violência psicológica e sexual por parte do pai, violência física e psicológica pelo marido e torna-se ela mesma defensora do uso da violência para lidar com “mulheres insolentes”, fornecendo um exemplo da transmissão intergeracional da violência.O filme é fiel ao livro de Alice Walker, apesar das simplificações que se fazem necessárias na transposição de obras literárias para o cinema. Uma crítica que pode-se fazer, tanto ao livro quanto ao filme, é que, no momento em que Celie consegue libertar-se do ciclo da violência, começar uma vida nova e reencontrar os filhos, já adultos, ela também fica sabendo que seu pai era, na realidade, seu padrasto. Embora este fato tenha impacto literário, psicologicamente não tem o mesmo efeito, pois Celie foi forçada a manter relações sexuais com o homem a quem ela atribuía a função de protegê-la, independente de ele ser seu pai biológico ou padrasto. A gravidade da violência e as conseqüências do abuso não são mitigadas pela inexistência de consangüinidade entre eles.Nascida em 1944, Alice Walker conheceu a pobreza e o racismo de perto. Durante a faculdade, iniciou sua participação como ativista pelos direitos civis dos afro-americanos. Mais tarde, passou a militar também nos movimentos ambiental, pelos direitos das mulheres e dos povos indígenas. Desde suas primeiras obras ela procura retratar a opressão das mulheres negras. “A Cor Púrpura” é seu romance mais popular, sendo considerado uma obra importante para a compreensão da condição das mulheres negras e pobres no início do século XX. O romance trata, também, da homossexualidade feminina. Entretanto, o filme de Spielberg foi criticado por movimentos afro-americanos, feministas e homossexuais por não conseguir reproduzir na tela a profundidade das questões levantadas no livro. Estas críticas são apontadas como o provável motivo de o filme ter recebido 11 indicações para o Oscar (incluindo melhor filme, melhor atriz para Whoopi Goldeberg e melhor atriz coadjuvante para Margaret Avery e Oprah Winfrey) mas não ter recebido nenhum.
Em seu romance “Possessing the Secret of Joy” (1992), Alice Walker retoma alguns personagens de “A cor púrpura” e narra a trajetória dos filhos de Celie, adotados por um casal de missionários que parte para um vilarejo na África. Eles têm uma amiga que se submete voluntariamente aos rituais de escarificação do rosto e circuncisão feminina quando seu vilarejo é destruído pela construção de uma rodovia, permitindo a Alice Walker explorar as questões envolvidas nestes rituais no mundo contemporâneo.

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