segunda-feira, 17 de junho de 2013

Alcântara Machado


Alcântara Machado – jornalista e
literário do Modernismo.
Antônio Castilho de Alcântara Machado d’Oliveira nasceu em 25 de maio de 1901, em São Paulo (SP). Nesta cidade, formou-se na faculdade de Direito, durante a qual publicou sua primeira crítica literária para o “Jornal do Comércio”. Após esse fato, passou a colaborar para este jornal até tornar-se redator-chefe.
Formou-se, mas não chegou a exercer a profissão porque estava atrelado à carreira jornalística.
Os movimentos modernistas na literatura começavam a se despontar com a “Semana de Arte Moderna”, da qual o escritor não participou. Contudo, depois de tornar-se amigo de Oswald de Andrade, adere ao movimento que o tornou um dos nomes mais significativos da prosa da Geração de 22.
Seu primeiro livro, “Pathé Baby” (com prefácio de Oswald de Andrade), é fruto do que escreveu para a imprensa em sua viagem à Europa, em 1925. Em 1928 publica "Brás, Bexiga e Barra Funda". Neste mesmo ano, já adepto da corrente modernista, Alcântara Machado participou da fundação das revistas de idéias modernistas: “Terra roxa e outras terras” e “Revista da Antropofagia”, além de colaborar com outras, como a “Revista Nova”. Paralelamente às atividades de jornalista, foi um cronista e contista notável.
Por volta de 1931, o escritor candidata-se ao cargo de deputado federal, pelo qual é eleito, mas não chega a tomar posse, pois falece aos 34 anos de idade e deixa seu único romance inacabado “Mana Maria” (1936).
O autor é conhecido por sua linguagem objetiva (provavelmente, advinda da jornalística), concisa e popular, características que davam dinamismo às suas narrativas.

Veja um trecho do livro “Brás, Bexiga e Barra Funda”:

Gaetaninho

— Xi, Gaetaninho, como é bom!
Gaetaninho ficou banzando bem no meio da rua. O Ford quase derrubou e ele não viu o Ford. O carroceiro disse um palavrão
e ele não ouviu o palavrão.
— Eh! Gaetaninho! Vem pra dentro.
Grito materno sim: até filho surdo escuta. Virou o rosto tão feio de sardento, viu a mãe e viu o chinelo.
— Súbito!
Foi-se chegando devagarinho, devagarinho. Fazendo beicinho. Estudando o terreno. Diante da mãe e do chinelo parou.
Balançou o corpo. Recurso de campeão de futebol. Fingiu tomar a direita. Mas deu meia volta instantânea e varou pela
esquerda porta adentro.
Eta salame de mestre!
Ali na Rua Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou carro só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de
casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho.
O Beppino por exemplo. O Beppino naquela tarde atravessara de carro a cidade. Mas como? Atrás da tia Peronetta que se
mudava para o Araça. Assim também não era vantagem.
Mas se era o único meio? Paciência.

(...)

Alcântara Machado faleceu aos 14 de abril de 1935, após uma semana da realização de cirurgia para apendicite.
Em 1961, todos os contos e o romance que ficou inacabado foram reunidos em um único volume, com o título de “Novelas Paulistanas”.

Obras: Romance: Mana Maria (1936) – inacabado.
Conto: Brás, Bexiga e Barra Funda (1927): Laranja da China (1928).
Crônica: Pathé Baby (1926); Cavaquinho e saxofone (1940).

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