sábado, 21 de abril de 2012

Romantismo - Terceira Geração


“A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor!
Senhor!... pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua de seu...
Ninguém vos rouba os castelos
Tendes palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.”

(“O porvo ao poder”, Castro Alves) 

O poema acima pertence a Castro Alves, poeta do romantismo. Trata-se de versos improvisados pelo poeta em um comício republicano de que participava e que fora dissolvido pela polícia, fato que motivou-o, como protesto, ao improviso.

Observe que esses versos em muito se distinguem do nacionalismo indianista dos primeiros poetas da escola romântica, assim como distancia-se substancialmente do individualismo mórbido e angustiante dos poetas da segunda geração romântica. Perceba que no poema de Castro Alves, diferentemente das tendências seguidas pelos poetas que o precederam, o eu-lírico não fala a favor de si mesmo, mas do povo. A desigualdade social é colocada em pauta quando o poeta contrasta os lugares luxuosos e privados (castelos, palácios) dos homens de grandes posses (que, por isso mesmo, são chamados ironicamente de “Senhor”) com um lugar público (a praça, a rua), comum a todos e, por isso, lugar onde as pessoas de menores posses (repare que o poeta os denomina “povo”, coletivo massificador) podem frequentar. Repare, ainda, que as figuras utilizadas no percurso do poema leva-nos a lê-lo de forma exaltada, em alto e bom tom, e de preferência para um grande público. A poesia deixa de ser introspectiva, como na segunda geração romântica, para ocupar a praça, o lugar público, dirigindo-se para muitas pessoas, pois os problemas do mundo passam a ser, para o poeta, mais importantes do que as suas crises existenciais internas.

Esses apontamentos gerais que fizemos do poema de Castro Alves são exemplos das características mais marcantes da terceira geração romântica, na qual a história da literatura situa o poeta.

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