Assim como outros astros
do cinema brasileiro, Mazzaropi começou no circo, juntando-se a uma trupe aos
14 anos e contando piadas entre as apresentações de um faquir. Três anos
depois, ele se viu obrigado a voltar para casa sem emprego, mas a efervescência
trazida pela Revolução de 32 reacendeu sua vontade de atuar. Não demoraria para
que ele transformasse o mais famoso grupo itinerante do interior de São Paulo,
a Troupe Olga Crutt, na Troupe Mazzaropi, inclusive levando seus pais para
trabalharem com ele.
Quase dez anos depois,
Mazzaropi recebeu boas críticas por sua peça “Filho de sapateiro, sapateiro
deve ser”. Com o sucesso veio em 1946 o convite para o programa Rancho Alegre,
da Rádio Tupi, em que ele contava piadas e cantava ao som de uma sanfona. Só na
primeira semana, ele recebeu 2000 cartas de fãs, que lotavam os espetáculos que
ele fazia pelo país.
Mazzaropi teve o
privilégo de se apresentar na estreia da TV Tupi tanto em São Paulo quanto no Rio
de Janeiro, respectivamente em 1950 e 1951. Seu programa Rancho Alegre seria a
primeira atração da televisão brasileira a contar com um patrocinador.
Ao contrário de tantos
outros artistas, o cinema foi o último território a ser desbravado por
Mazzaropi. Em 1951 ele assinou contrato com a Companhia Cinematográfica Vera
Cruz, onde faria seus três primeiros filmes, passando por diversas outras
produtoras até fundar a sua própria em 1958: Produções Amácio Mazzaropi, a PAM
Filmes. Para produzir as primeiras películas, ele vendeu tudo o que tinha.
Valeu a pena: fez mais sucesso, ganhou seu próprio programa de variedades e
comprou uma fazenda para construir seu estúdio.
Em 1960 ele fez o filme
Jeca Tatu, repetindo o papel de caipira em mais nove produções. No mesmo ano
estreia na direção, com “As aventuras de Pedro Malasartes”. E o pioneirismo não
parou por aí: “Tristeza do Jeca”, do mesmo ano, seria o primeiro filme nacional
colorido em Eastmancolor, tendo sido editado no México. E, por fim, em 1973
sairia o primeiro de seus dois filmes rodados no exterior: “Um caipira em
Bariloche”.
Mazzaropi ganhou
diversos prêmios durante sua carreira. Seu filme “No paraíso das solteironas”
rendeu, em um ano, 2 bilhões e 650 milhões de cruzeiros. Rodou um filme
autobiográfico, “Betão ronca ferro”, em 1970, e dois anos depois se encontrou
com o presidente Emílio Garrastazu Médici, pedindo maiores verbas para o cinema
brasileiro. Ele se encontraria com mais dois presidentes, sempre falando sobre
a sétima arte.O artista nunca se casou, mas, segundo alguns depoimentos, criou ao longo de sua vida cinco meninos, embora em algumas biografias conste que ele teve apenas um filho adotivo, de nome Péricles. Mazzaropi faleceu em 13 de junho de 1981, aos 69 anos, de septicemia (infecção generalizada), dois anos antes da morte da mãe. Fez ao todo 32 filmes e contracenou com grandes nomes, como Hebe Camargo, Odete Lara, Luís Gustavo e Tarcísio Meira, tendo estes últimos estreado sob a tutela do mestre. Ensinou gerações a rirem com sua personagem caipira, mas na vida real era ambicioso, perspicaz e gostava de se vestir com elegância. Caipira esperto, uai!
http://www.museumazzaropi.org.br/
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