terça-feira, 5 de junho de 2012

A escrava Isaura e o Vampiro - Jovane Nunes

Um livro com um humor diferente!

Usando a história original (A Escrava Isaura) de Bernardo Guimarães, o humorista (e agora escritor - não conhecia esse lado dele!) Jovane Nunes satiriza e deixa a imaginação fluir. Já lí muitas 'paródias' (se é assim que posso chamar!) de livros, podendo até citar “Opúsculo” (paródia de Crepúsculo) e confesso que quando comecei a ler achei que seria no mesmo estilo, que seria o tipo de livro que você só quer terminar porque não agüenta mais o tanto que eles forçam para parecer engraçados. Mas confesso que este livro me prendeu mais do que eu podia imaginar. Conseguiu me encantar e me tirar boas gargalhadas com a história do jovem Leôncio (que foi transformado vampiro pelo Conde Drácula em pessoa! Veja só!) e sua obsessão pela jovem escrava branca, Isaura. Leôncio também tem outra obsessão que é construir a maior empresa de sangue. Podes crer, pessoal. Leôncio e sua mente maluca e sanguinária. Vai entender.

Bem, o autor consegue fazer com que você queira ler os outros próximos capítulos, deixando aquela pulga atrás da orelha pra saber o que vai acontecer. (Mentira! Normalmente ele - o mais apressado! - já diz o que vai acontecer lá pra frente e confesso isso é ótimo! hahaha)
Para quem leu a obra "A Escrava Isaura" consegue ver que o autor satirizou o livro por completo. Usando como referência apenas Leôncio e sua "perseguição" a Isaura e a todos que tentam ajudá-la a “fugir” dele e também o fato dela ser uma escrava branca e o casamento com Álvaro.

É um livro que mistura terror (sim, juro que tem!) com o humor bacana de Jovane Nunes. Quem tem estômago fraco quanto a sangue, não deveria ler este livro. O modo como Jovane descreve a alimentação dos “chupadores de sangue” é meio... Nauseante. Falo isso por mim que não posso ver nem um corte no dedo de outra pessoa. Imaginar aquele banho de sangue na história foi uma etapa de minha vida que consegui vencer (rs).

Aconselho a todos (tirando os que têm estômago fraco!) lerem esta obra que foi tão bem feita. É excitante
Jovane Nunes utiliza apenas o básico da obra original, inserindo muito humor e mudando alguns fatos, dando outros rumos a estória.

Isaura é a escrava querida da mãe de Leôncio, que a trata como filha e lhe da uma carta de alforria, alguns dias depois ela morre e Isaura descobre que a carta ainda não tinha sido registrada em cartório, por isso não tem validade.

Leôncio é um vampiro (transformado pelo próprio Drácula em sua viagem pela Europa) bissexual, que sonha em montar um banco de sangue no Brasil. Ele mata um senador, que tem o projeto desse banco de sangue, no navio de volta para o Brasil e casa com a sua filha (para poder seguir os projetos do Senador), Malvina, grande fã de MPB e mulheres em geral.

Estava tudo preparado para a partida quando chegou a bancada do Partido Liberal. Os políticos queriam saber de Leôncio com quanto ele iria contribuir para a próxima campanha eleitoral e se podiam levar logo o dinheiro. O presidente do partido aumentou ainda mais a raiva de Leôncio quando lhe entregou um lindo bordado.

– Minha esposa ficou encantadissíma com a sua esposa. Outro dia, as duas foram passear de charrete no bosque e, para retribuir, a minha Helena pediu que entregasse esse bordado para a sua dona Malvina.

Quando o casal chega à fazenda de Leôncio, ambos se apaixonam por Isaura, a escrava branca que tem uma beleza que ninguém consegue resistir. A partir daí Isaura é assediada por ambos, o tempo todo, passa por diversas situações até que foge para Recife.

Em sua nova vida, na “Veneza Brasileira” escolhe um nome falso (Carolina Dieckmann) e conhece seu grande amor, Alváro, o “Rambo brasileiro”, dono da empresa de alhos “Alvaralho”.

Há também Belchior, o corcunda feioso, a principio amigo de Isaura, que depois se torna comparsa de Leôncio e o ajuda na busca pela escrava fugitiva. Tem até o presidente Abraham Lincoln, que também é um ser sobrenatural e aparece do nada, em uma cerimônia, junto com Imperador. Tem várias piadas, o comportamento de Leôncio e Malvina muitas vezes é bizarro.

– Boa Noite! Quem?
– Choupana velha, quem está?
– Não tem ninguém aqui não. Mister M desapareceu com as pessoas. Ah, Mister M, senhor de todos sortilégios. Você aí, volte mais tarde. – Malvina fazendo voz de Cid Moreira.
(...) Malvina respondeu jogando uma panela que acertou a cabeça de Leôncio.
– O que é isso? – Esbravejou Leôncio
– Jabulaaaaaaannnnnniiii

O autor faz muita piada com o excesso de descrições e demais características da obra, que pertence ao período do Romantismo, que exalta a natureza, a sensibilidade e a beleza.

Se você quer um livro descontraído, engraçado e despretensioso, para passar o tempo, tenho certeza que vai gostar (e rir muito) com essa obra!


Escrito pelo roteirista de tevê Jovane Nunes, "A Escrava Isaura e o Vampiro" é um ode à sátira e ao humor rasgado. O narrador onisciente é um bárbaro do humor negro, fazendo piadas com tudo e com todos enquanto constrói essa trama para lá de debochada, hilariante e politicamente incorreta. É o tipo que na seqüência da alforria de Isaura, cita Stalonne em “Rambo” e faz piadas com o sistema de côas nas universidades brasileiras.


Fome, religião, morte...nada escapa ao nosso narrador trocista, que mistura Ronaldinho Fenômeno, o Superior Tribunal de Justiça (STF), João do Pulo, dom Pedro II, a bola de futebol Jabulani, o falecido estilista Clodovil Hernandez, o Partido Democrata (DEM) e os ex-presidentes Fernando Collor de Mello e Lula com personagens fictícios como o lendário conde Drácula, que em um encontro com o vilão Leôncio em Lisboa, acaba por vampirizá-lo. Trata-se de uma mistura bem brasileira, entrelaçando todas as aspirações do Romantismo nacional com a característica malandragem do povo brasileiro. Após de transformar em um vampiro, Leôncio (ou melhor, “Leôncio fdp”, como o narrador anuncia com nosso antagonista) retorna ao Brasil com a intenção de abrir um verdadeiro banco de sangue extraído à custa da população local. Em sua viagem de retorno ao país natal, ele mata um senador, original criador desta estapafúrdia idéia, e seguidamente se casa com a filha do político, Malvina, uma grosseira lésbica fã de Ana Carolina e outras tantas cantoras de sexualidade duvidosa da nossa MPB.


A idéia central da história de “A Escrava Isaura” - uma escrava branca que sofre as maiores auguras nas mãos de seu apaixonado “senhor” - se mantém, mas torna-se completamente risível: nossa protagonista é uma linda e faceira jovem que tem como hobby tocar Rachmaninoff ao berimbau, enquanto nosso vilão tem todos os seus planos frustrados, caindo em uma aberta comédia de erros e exageros. As descrições físicas dos personagens são baseadas nos atores que interpretaram a adaptação da trama de Bernardo Guimarães para a tevê, os lendários Rubens de Falco e Lucélia Santos, e o grande mocinho da história, Álvaro (apelidado como o “Rambo do mangue”), é dono da empresa processadora de alhos Alvaralho.


Como já ficou claro por esta resenha, há uma verdadeira bagunça no espaço-tempo do livro: existem táxis, lutadores de jiu-jítsu e mendigos dormindo sobre papelões em uma história que se passa em pleno Brasil colonial. A desconstrução e construção da história ficam às claras, com o narrador brincando o tempo todo com o leitor, seja chamando-o ao texto por diversas vezes ou adiantando acontecimentos da história. Sim, spoilers dentro do próprio livro: O MÁXIMO!


Como vampiro, Leôncio é uma negação: para começo de conversa, ele não possui nenhum talento ou habilidade individual de vampiro. Cismado de deter algum poder especial, ele acredita poder transformar-se em qualquer animal que deseje - coisa que obviamente não acontece e acaba por criar as situações mais hilariantes possíveis!


Jovane Nunes usa de um humor ácido e extremamente irônico para criticar o país, sua cultura e a dita “malandragem” do povo brasileiro sem poupar ninguém, e é aí que entram as infames piadas sobre os “vampiros” do nosso Senado Federal, como os bandidos políticos Edson Lobão e José Sarney. Quando acreditamos que a história se bastou se surpresas e loucuras, surgem reviravoltas e mais reviravoltas. Não se espante se você começar a rir sozinho em meio a uma multidão: a diversão que “A Escrava Isaura e o Vampiro” proporciona é assustadora!

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