I- Autora:
Ana Miranda nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1951. Cresceu em Brasília e mora no Rio de Janeiro desde 1969. Publicou dois livros de poesia – Anjos e Demônios e Celebrações do Outro; os romances Boca do Inferno, O Retrato do Rei, Sem Pecado e A Última Quimera, todos pela Companhia das Letras. Tem livros publicados em diversos países, entre eles Inglaterra, França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Espanha e Suécia.
Recebeu o prêmio Jabuti em 1990.
II- Estrutura Narrativa:
Romance de 213 páginas, Desmundo é narrado em 1a. pessoa pela personagem Oribela. O livro é dividido em 10 partes e cada uma delas, em pequenos capítulos. São elas:
• A Chegada
• A Terra
• O Casamento
• O Fogo
• A Fuga
• O Desmundo
• A Guerra
• O Mouro
• O Filho
• O Fim
III- Resumo:
Esta história se passa em 1555 e começa quando mandam à rainha uma carta pedindo que fossem enviadas mulheres para se casarem com os cristãos, que estavam no Brasil.
Oribela é uma das órfãs e conta tudo como foi, desde a viagem até o destino de cada órfã. Conta sobre as dificuldades que tinham durante a viagem, que acontecia de muitas pessoas morrerem, inclusive morreu uma órfã, Dona Isobel. Elas eram em sete órfãs ao todo. Quem as acompanha é um padre e uma velha freira, fora os tripulantes da nau Senhora Inês.
Na primeira parte, Oribela conta como foi a chegada. Na segunda parte, como era a terra, como eram os índios. Na terceira parte fala como foi preparado o casamento das órfãs. Conta que foram os padres quem as acolheram, davam comida, porém era proibido que os meninos as vissem. Elas também não viam os padres, apenas pela janela cruzando o pátio. Assim, Oribela conheceu Francisco Albuquerque, que no princípio ela não queria casar, por achar que não era digna de homem nenhum e também porque ele a repugnava, por seus modos e aparência. Sofreu muitos castigos do padre e também dona Birdes de Albuquerque, tia de Francisco tentou convence-la a todo o custo. Por fim, Oribela acabou aceitando, mas não amava seu marido. A quarta parte conta como era o relacionamento entre eles, pessoas que participam da narrativa. A quinta parte fala de algumas fugas de Oribela, que não amava o marido. Tentou várias vezes a fuga e numa dessas, vestiu-se de homem. A sexta parte mostra a amizade de Oribela com a Temericó, nativa, que lhe conta sobre os costumes da terra. A natural, acha que Oribela é uma rainha, mas Oribela a considera muito burra. A sétima parte fala nas disputas, nos tempos de agonias. Lutas pelo poder na terra brasileira. Índios e cristãos lutavam, muito provavelmente porque os índios não aceitavam ser escravos, estavam sendo aculturados e explorados. A oitava parte, Oribela sente-se tão culpada pelo mal que as pessoas em sua voltam sentem que ela tem um sonho em que ela está pagando com a mutilação do seu corpo e quando acorda conhece um mouro, Ximeno, que a protegeu e a escondeu. Eles acabaram se envolvendo e Oribela fica grávida. A nona parte trata da descoberta da gravidez de Oribela e que o filho é de Ximeno. Neste capítulo, Oribela encontra Bernardinha e depois, a velha freira. Francisco de Albuquerque a encontra em companhia da velha e ameaça matar a freira, mas só ameaça. Oribela é levada de volta e parece que os dois vivem em harmonia até que Francisco de Albuquerque descobre que o filho não é seu e sim, do mouro, por isso, rapta a criança. No capítulo 10 há a passagem em que Oribela fica desesperada devido ao rapto do filho e coloca fogo em toda a casa, mas vê Ximeno vindo em sua direção com a criança. É um final aberto. Que possibilita muitas interpretações.
Constata-se que o tema central da história é a mistura de mundos, ou seja, é uma paródia da formação étnica brasileira e a tentativa de desmitificar a história, tão bonita, mas que encobre o sofrimento de muitas pessoas e “as sujeiras da nobreza da época”.
Nem todas as pessoas que vieram para o Brasil o fizeram por idealismo, a maioria procura riqueza e interesses econômicos. No Brasil, há uma mistura de raças muito grande, dos índios, dos portugueses (cristãos), espanhóis, como se percebe em alguns trechos do livro “todalas” (mistura de português e espanhol), palavras e frases em espanhol, judeus (Urraca era judia), mouros,....